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Somos brasileiros e não aceitamos nenhum direito a menos

Opinião do professor Marco AurélioGosto muito de uma música de Belchior que começa com a seguinte frase: “Eu sou apenas um rapaz latino americano, sem parentes importantes e vindo do interior…” (1976). Há outra frase do escritor Mario de Andrade, em Macunaíma (1928), que adoro:” Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são…”

Sinto que o Brasil de hoje tem um pouco das duas frases. Quando o prefeito de Osasco afirma na internet que qualquer aumento para os servidores municipais ou alguma revisão no plano de carreira vai ficar para 2018, por causa dos limites do orçamento. Ou quando o Governo Federal fala em Reformar a Previdência de qualquer jeito, aos trancos e barrancos, como li no Estadão sábado. Lembro sempre da música do Belchior.

Governos fracos politicamente sempre usam a desculpa do orçamento para não resolver de verdade os problemas do povo. Governos fracos politicamente conversam muito com empresários, mas fogem do povo.

Temer quer ser dono da transposição do rio São Francisco, mas também devolver o Brasil para o século XIX, com a escravidão de mulheres e homens brancos e negros até os 65 anos.

Rogério Lins desmonta as políticas públicas que incluíram a população pobre da cidade em 12 anos e acha que marketing e pós-verdade resolvem tudo; tenta enganar o povo colocando umas plantinhas na Praça do Salgado (reformada na gestão anterior, por causa da nova avenida), espalhando várias faixas caras, com a frase “MAIS QUALIDADE DE VIDA. Revitalização da Praça do Salgado”.

 

Foto: Marco Aurélio

 

Como povo, vou copiar Belchior e cantar:

Não me peça que lhe faça uma canção como se deve
Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve
Sons, palavras, são navalhas e eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém…”

O povo, muitas vezes, sente-se como “um rapaz latino americano”, é tolhido, enganado, humilhado com projetos, gestos reformas dos governos, que não o escuta. Temer não tem mais jeito, não pode nem sair de casa. Na Paulista, dia 15 de março, quase 300 mil pessoas gritavam juntas: FORA TEMER. Na manhã do dia 25 de março, num ato apenas dos professores municipais com alunos e familias, quase 30 mil gritavam a mesma coisa: FORA TEMER.

Em São Paulo, o povo já percebeu que o negócio do Dória é fazer flashes para as câmaras e não governar. Nas escolas públicas do Estado do governador Alckmin falta papel higiêncio nos banheiros dos professores e alunos, desde 2015. Em Osasco, todos dizem que o prefeito não tem propostas para a cidade; mas num momento de sinceridade, como ele mesmo gosta de dizer, disse que não vai dar para dar aumento nenhum pra ninguém por causa do orçamento. Não é verdade, quando um governo decide pelos trabalhadores, ele inverte prioridades.

O povo de Osasco já percebeu que neste governo a prioridade não é a cidade, mas acordos politicos. Completo o pensamento: para combater a pobreza; para dar educação, saúde e transporte de qualidade para todos; para reduzir a miséria que insiste em não deixar o Brasil melhorar; para preservar nossos rios e florestas; para melhorar a economia sem tirar direitos conquistados com muita luta; assim, para ouvir o povo, igual nas melhores democracias do mundo, a gente precisa respeitar todo mundo, do mais pobre ao mais rico, com nenhum direito a menos.

 

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é Jornalista, Historiador e Professor das redes Municipal e Estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.

 

 

Letra e Música:

Apenas um Rapaz Latino-Americano

Belchior

 

Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
Mas trago, de cabeça, uma canção do rádio
Em que um antigo compositor baiano me dizia
Tudo é divino, tudo é maravilhoso (Bis)
Tenho ouvido muitos discos, conversado com pessoas, caminhado meu caminho
Papo, som dentro da noite e não tenho um amigo sequer
E não acredite nisso, não, tudo muda e com toda razão
Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
Mas sei que tudo é proibido aliás, eu queria dizer
Que tudo é permitido até beijar você no escuro do cinema
Quando ninguém nos vê (Bis)
Não me peça que lhe faça uma canção como se deve
Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve
Sons, palavras, são navalhas e eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém
Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção, a vida, a vida realmente é diferente
Quer dizer, ao vivo é muito pior
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco
Por favor não saque a arma no “saloon” eu sou apenas um cantor
Mas se depois de cantar você ainda quiser me atirar
Mate-me logo, à tarde, às três, que à noite tenho um compromisso
E não posso faltar por causa de você (Bis)
Eu sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes e vindo do interior
Mas sei que nada é divino, nada, nada é maravilhoso
Nada, nada é sagrado, nada, nada é misterioso, não

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Marco Aurélio

Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

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