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Todo brasileiro adora Feijoada. Eu também.

Opinião do Professor Marco Aurélio – Todos nós gostamos muito de feijoada. Eu adoro. Por isso, quero falar sobre ela. Nossa feijoada não é uma comida só brasileira. Surgiu na Europa no período do Império Romano e em cada região tinha uma forma.  Na época dos romanos costumavam cozinhar feijão branco com carnes e legumes.  Na França, temos o cassoulet, um ensopado de feijão branco com linguiça de porco e carne de pato.

Já, na Espanha temos a fabada, uma mistura de feijão branco com orelha e rabo de porco.  Mas, nenhuma chega perto da nossa Feijoada, que tem feijão preto com as carnes desprezadas pelas famílias dos grandes senhores de escravos. Dizem.  

Histórias populares contam que a feijoada surgiu nas senzalas. Lá, os escravos cozinhavam o feijão preto, com as carnes desprezadas pelos senhores de escravos. Contam, também, que o feijão preto foi trazido originalmente pelos navios de escravos e passou a fazer parte da nossa feijoada. A feijoada à brasileira.

Mas tem outra história, dizem que o Feijão preto é de origem sul-americana, e era parte da dieta dos índios nativos. Pesquisadores acreditam que nossa feijoada é a evolução de uma cultura culinária nascida na Europa e de um processo de fusão de culturas, como o hambúrguer na América do Norte.

A feijoada é um dos pratos mais preferidos dos brasileiros. Todas as quartas e sábados, restaurantes de todo o Brasil fazem suas feijoadas. E a gente adora, seja inverno ou verão.

Chico Buarque produziu uma obra belíssima, Feijoada Completa, em apoio ao movimento que conquistou a Anistia Política em 1979 e em repúdio à Ditadura Militar. A letra traz uma receita completa do prato brasileiro e do prazer em receber os nossos exilados. Vamos ler a letra e ouvir o grande Chico:

 

 

Feijoada Completa

Chico Buarque

Mulher, você vai gostar:
Tô levando uns amigos pra conversar.
Eles vão com uma fome
Que nem me contem:
Eles vão com uma sede de anteontem.
Salta a cerveja estupidamente
Gelada pr’um batalhão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, não vá se afobar:
Não tem que pôr a mesa, nem dá lugar.
Ponha os pratos no chão e o chão tá posto
E prepare as linguiças pro tira-gosto.
Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar:
Arroz branco, farofa e a malagueta:
A laranja-bahia ou da seleta.
Joga o paio, carne seca,
Toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, depois de salgar
Faça um bom refogado.
Que é pra engrossar.
Aproveite a gordura da frigideira
Pra melhor temperar a couve mineira.
Diz que tá dura, pendura
A fatura no nosso irmão
E vamos botar água no feijão.

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista, historiador e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco. 

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Marco Aurélio

Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

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