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A luta da Comunidade Esperança por moradia em Osasco

O PlanetaOsasco.com abre espaço para uma das maiores ocupações de Osasco -Comunidade Esperança- expor suas necessidades e conquistas;

Localizada no extremo da zona norte, próximo ao Jd. Santa Fé, o acesso ao local ainda é de terra e mais de 500 famílias superaram incêndio que destruiu 50% de sua área.

O Texto é de autoria de pessoas que vivem na Comunidade. Confira na íntegra. 

Ocupação Esperança defende cidade que atenda às necessidades dos “de baixo”

Via Comunidade Esperança – Os baixos salários, o desemprego crescente e o alto preço dos imóveis e alugueis, somados aos sacrifícios do malabarismo para que o pouco “que entra” dê conta daquilo que se precisa para sobreviver, faz com que as ocupações de terra se tornem uma necessidade para quem é pobre e trabalhador. Assim, há três anos e meio, na zona norte de Osasco (uma das regiões mais pobres e populosas da cidade) surgiu a Ocupação Esperança como fruto de uma luta por moradia que questiona o modo como a cidade é governada.

Desde agosto de 2013, aproximadamente 500 famílias se organizaram juntamente com o movimento Luta Popular e construíram um verdadeiro bairro, com ruas e vielas, energia, esgoto, praças, cinema para as crianças, aulas de capoeira, reunião de mulheres, saraus e atividades culturais. Tudo é decidido em assembleia e realizado coletivamente, e os moradores, sem esperar nada dos governos que só governam para os “de cima”, constroem juntos um bairro, pensado a partir de suas necessidades.

Várias foram e seguem sendo as dificuldades que a comunidade enfrenta para conquistar esse território cuja dinâmica é forjada pela mobilização popular. Já houveram tentativas de incêndios criminosos, ameaças de morte por “jagunços”, ações na justiça para acelerar o despejo das famílias e inércia do poder público. Contudo, no dia 13 de setembro um incêndio de proporções dantescas devastou quase metade da ocupação, deixando 250 famílias sem nada, pois apenas tiveram tempo de salvar a si próprios e a seus filhos. Além de todo o sofrimento, a polícia chegou a agredir e prender o advogado do movimento que negociava a entrada das pessoas para encontrarem os familiares e procurarem pertences em meio às cinzas.

Incêndio no final do ano passado – IMG Z1

Não fosse a força da trajetória da Esperança, não teria sido possível que hoje, há 4 meses da tragédia, a comunidade esteja praticamente toda reconstruída e que nenhuma pessoa tenha deixado a luta. Com o apoio e solidariedade de outros moradores e moradoras de Osasco, movimentos, sindicatos e coletivos, as famílias reergueram as casas com bloco e alvenaria, conseguiram abrigar e acolher quem teve seu barraco incendiado, e agora já planejam o início das obras para a construção do barracão que será a creche comunitária e espaço para atividades e reuniões.

Contudo, mesmo com toda a capacidade de organização do movimento na batalha para conquistar um teto digno para morar, existem questões estruturais e de responsabilidade dos governos que precisam ser atendidas. Infelizmente, embora Lapas tenha feito um decreto – depois de muita pressão dos moradores – sinalizando a possibilidade de construção de um projeto habitacional para as famílias, as demandas de apoio para reestruturação da rede de energia, água, esgoto, e pavimentação do bairro foram negligenciadas pela Prefeitura. E desde Rogério Lins ganhou as eleições em 2016, o Luta Popular tem procurado marcar uma conversa para cobrar uma posição sobre a urbanização do bairro e a efetivação do Decreto de Desapropriação para fins de habitação de interesse social. Na manhã desta terça-feira foi protocolado um ofício no gabinete do Prefeito solicitando o agendamento de reunião para debater a situação da Ocupação Esperança. Caso não sejam atendidas, as famílias prometem fazer passeata para cobrar o Município.

Localizada no extremo da Zona Norte de Osasco, apenas 1 linha de ônibus (com ponto distante) atende o novo bairro – IMG GMaps CMIO

Numa cidade marcada pela quantidade de moradias precárias e onde morar dignamente é um privilégio, os governantes, que deveriam enfrentar o problema da moradia e da qualidade de vida nos bairros (vide a situação do Rochdale e seus rotineiros alagamentos, apenas como exemplo) são acusados em gravíssimos escândalos de corrupção. Por isso, o movimento defende que nenhum deles tem legitimidade para governar a cidade! Se e os governos só atendem aos privilégios dos “de cima”, é preciso fechar as ruas para abrir caminho para uma cidade onde as necessidades dos “de baixo” sejam garantidas.

Via Comunidade Esperança

Publicado pelo PlanetaOsasco.com 

IMG1 Estado

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Gabriel Martiniano

Jornalista profissional, fundador da Ticketbras e cidadão de Osasco

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