Manchetes

Rescaldos da ditadura

Por Renato Simões O dia 31 de março de 1964 tem que ser lembrado como um dos mais trágicos da história do Brasil. A deposição do Presidente da República João Goulart pelo golpe militar impediu que fossem realizadas reformas estruturais na sociedade brasileira que até hoje nos fazem falta.

Apesar do curto período e de todas as tribulações ocorridas – quando houve, inclusive, um período em que Jango teve seu poder limitado, pois, em desrespeito às leis brasileiras da época, passou a vigorar o parlamentarismo no país–, o mandato de João Goulart é um dos mais significativos que o Brasil já teve.

Há mais de cinquenta anos, Jango pautou de maneira pioneira temas de fundamental importância para o país. Suas reformas de base, comandadas por nomes como Darcy Ribeiro, Celso Furtado, San Thiago Dantas, Roberto Lyra, Ulisses Guimarães e Afonso Arinos de Melo Franco, dentre outros, criaram marcos institucionais de referência para a democracia brasileira, como o Estatuto do Trabalhador Rural.

As reformas propostas e tolhidas pelo golpe foram e são referências para as que ainda hoje estão sendo propostas para o país. Temas como o das reformas agrária e urbana adentraram na pauta nacional e os projetos então propostos são claramente inspiradores dos que hoje são debatidos no Congresso Nacional.

Os militares viam “fantasmas” do comunismo em todos os lugares. Isso gerou o horror das torturas e desaparecimento de milhares de pessoas que se opunham ao regime. Tantas outras que sequer tinham qualquer envolvimento com os movimentos de oposição tiveram suas vidas ceifadas.

A ditadura militar se tornou responsável direta pela maioria das injustiças sociais existentes no país quando tomou o poder de assalto e impediu as mudanças que estavam sendo realizadas.

A grande concentração de terras, a especulação imobiliária e financeira, a pesada carga tributária que recai majoritariamente sobre os trabalhadores e as classes populares da sociedade, enquanto os mais ricos têm seus tributos amenizados e, claro, a concentração e falta de democracia dos meios de comunicação que reina no Brasil são consequências da tomada de poder pelos militares e do regime de exceção que se implantou no país.

A censura e a autocensura da imprensa não permitia que o conjunto da população percebesse o que estava acontecendo. Tanto no que se refere a aspectos sociais, quanto aos econômicos. As enormes dívidas interna e externa brasileiras tiveram um grande salto neste período.

O chamado “milagre econômico” não passava de um truque, uma campanha de marketing, que se somava à repressão, para contribuir com imobilismo social. Uma velha tática de manutenção da hegemonia.

A alteração das forças sociais foi retomada com a chegada do PT ao governo federal. Mas, engana-se quem acha que o poder está nas mãos do PT, nas mãos dos trabalhadores. Este é apenas o início da guerra. Muitas das denúncias contra o PT e seu governo fazem parte do jogo de poder que têm regras impostas pela atual elite dominante e têm a intenção de impedir que o PT e os movimentos sociais e populares que o apoiam se consolidem como a principal força social e realizem as reformas estruturais das quais o país precisa.

 

Deputado Federal Renato Simões

 

Concorra a prêmios surpresas ao fazer parte de nossa newsletter GRATUITA!

Quando você se inscreve na nossa newsletter participa de todos os futuros sorteios (dos mais variados parceiros comerciais) do PlanetaOsasco. Seus dados não serão vendidos para terceiros.

PlanetaOsasco.com

planeta

O PlanetaOsasco existe desde 2008 e é o primeiro portal noticioso da história da cidade. É independente e aceita contribuições dos moradores de Osasco.

Artigos relacionados

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Botão Voltar ao topo
0
Queremos saber sua opinião sobre a matériax